As minhas ruas
Chavantes, primeiro suspiro,
Vagas lembranças, primeira infância,
Primeiros passos, depois a mudança.
Casa nova, dei um grito,
Pra ouvir da minha voz o eco,
E dos quase cinco aos sete,
Rua Paiaquás, final de quarteirão,
Galos na cabeça, búricas na mão,
Sovaco na cerca ao subir no pé de amora,
Fogueiras de São Pedro e São João.
Mas não demora,
tudo aquilo,
Num caminhão de toras,
E na
viagem, vômitos de banana,
Poeira da estrada estampada na cara,
Adeus Tupã... chegamos em Parapuã.
Casa velha de madeira escura,
Baratas cascudas na parede,
Um banheiro com o piso de madeira xadrezada,
Maranhão
696, muita areia no quintal,
Mais nada, afora apenas uma paineira,
E galinhas no entardecer empoleiradas.
Daí, meu pai comprou na Paraíba,
Um lote de esquina,
Não parece, mas era nome de rua,
E no lote uma casa de madeira nova,
E no quintal, um poço, um banheiro,
E uma privada
Ah! Por lá havia também um casa,
Meio barro, meio
madeira,
De piso de terra socada.
Toda a tarde a molecada,
Brincava de pé na lata,
E entre um pé, uma lata,
E entre uma lata e um pé,
De repente me vi fascinado
E me apaixonei por
Você.
Foram tantas as cantigas,
Os risos, os bailes da vida,
As rimas, as poesias,
E as suas verdes janelas.
Acordei-me aos vinte anos,
Quando no trem de partida,
Dei adeus aquela vida,
Fui parar em outras ruas,
Avenida Yara, Gonçalo, Sacadura.
Naveguei em novos versos,
Procurei lembranças suas,
Caminhei passos incertos,
Explodi-me em pesadelos,
E quando morrer podia,
Renasci, voltei à rua,
Vim de longe peito aberto,
Mas você não estava perto,
Só o vazio da sua casa,
Janelas verdes fechadas,
Saudades empoeiradas,
E a nossa rua calada.
Autor
Carlos Marcos Faustino
Quando – não sei
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