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terça-feira, 20 de janeiro de 2015

As minhas ruas



A imagem pode conter: oceano, céu, atividades ao ar livre, natureza e água

As minhas ruas

Chavantes, primeiro suspiro,
Vagas lembranças, primeira infância, 
Primeiros passos, depois a mudança.

Casa nova,  dei um grito,
Pra ouvir  da minha voz  o eco,
 E dos  quase cinco aos sete,
Rua Paiaquás, final de quarteirão,
Galos na cabeça, búricas na mão,
Sovaco na cerca ao subir no pé de amora,
Fogueiras   de São Pedro e São João.

Mas não demora,  tudo aquilo,
Num caminhão de toras,
 E na viagem,  vômitos de banana,
Poeira   da estrada estampada na cara,
Adeus Tupã... chegamos em Parapuã.

Casa velha de madeira escura,
Baratas cascudas na parede,
Um banheiro com o piso de madeira xadrezada,
Maranhão  696, muita areia no quintal,
Mais nada, afora apenas uma paineira,
E galinhas no entardecer empoleiradas.



Daí, meu pai comprou na Paraíba,
Um lote de esquina,
Não parece, mas era nome de rua,
E no lote uma casa de madeira nova,
E no quintal, um poço, um banheiro,
E uma privada
Ah! Por  lá  havia também um casa,
Meio barro, meio  madeira,
De piso de terra socada.

Toda a  tarde a molecada,
Brincava de pé na lata,
E entre um pé, uma lata,
E entre uma lata e um pé,
De repente me vi  fascinado
E me apaixonei por  Você.

Foram tantas  as cantigas,
Os risos, os bailes da vida,
As  rimas,  as poesias,
E as suas verdes janelas.

Acordei-me aos vinte anos,
Quando no trem  de partida,
Dei  adeus  aquela  vida,
Fui  parar  em  outras ruas,
Avenida Yara, Gonçalo, Sacadura.

Naveguei em novos  versos,
Procurei lembranças  suas,
Caminhei passos incertos,
Explodi-me em pesadelos,
E quando  morrer podia,
Renasci, voltei à rua,
Vim de longe peito aberto,
Mas você não estava perto,
Só o vazio da sua casa,
Janelas verdes fechadas,
Saudades empoeiradas,
E a nossa rua  calada.

Autor
Carlos Marcos Faustino
Quando – não sei


20/01/2015-terça-feira-13h33

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